Karl Mor
“Godzilla minus one” (2023), dirigido por Takashi Yamazaki e disponível na Netflix, e “Godzilla e Kong: O novo império” (2024), dirigido Adam Wingard e disponível no Max, são duas novas incursões do lagarto gigantesco no universo cinematográfico. Ele continua majestoso e enigmático como sempre.
Godzilla nasceu em 1954 no Japão. Na época evidentemente o país ainda se recuperava da derrota na Segunda Guerra Mundial e de ter sido alvo da bomba atômica. Essa situação é importante para compreender Godzilla. Sua origem é o “kaiju”, categoria de filmes sobre monstros bizarros e gigantescos, um subgênero de ficção científica. Até hoje protagonizou 38 películas.
A aparência de Godzilla é um capítulo à parte. Trata-se de um dinossauro gigante, uma espécie de réptil pré-histórico. Sua fisionomia paradoxalmente revela um olhar de características humanoides. Tem postura ereta, estrutura robusta, torso antropomórfico, braços musculosos e pele escamosa. Seus olhos são tristes, como os de um ser que busca atenção, e assim chega a comover quem olha para ele. É como se afinal não desejasse ser um monstro.
Godzilla é considerado uma metáfora de armas nucleares, da era atômica e de forças sobre-humanas que tudo podem destruir. Permanece como um lembrete de que o mundo nunca está totalmente fora de perigo. Ele expõe os fracassos da ciência e da tecnologia.
É um monstro anfíbio, mas reside principalmente no oceano. Durante muitos anos foi exposto à radiação nuclear e, por isso, ao despertar, está empoderado.
Gradativamente Godzilla foi se tornando um personagem menos destrutivo e mais heroico. É adorado justamente por expressar a raiva e agir em função da autopreservação. Em filmes mais recentes pode surgir como defensor e aliado da humanidade na luta contra ameaças maiores. Mas isso não altera inteiramente seu comportamento, já que, com milhares de toneladas e mais de cem metros de altura, destrói cidades inteiras ao se deslocar.
Godzilla é um símbolo da cultura pop japonesa e serviu de inspiração para o “Parque dos dinossauros” (1993), de Steven Spielberg.. Em 2004 ganhou uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.. Um monstro e tanto.