Karl Mor
O IMDb (Internet Movie Database), banco de dados online sobre filmes, séries e indústria do entretenimento em geral, tem como seu filme melhor avaliado “Um sonho de liberdade”, de Frank Darabont, lançado em 1994: simplesmente 9,3. Talvez poucos tenham ouvido falar desse diretor. Mas a maioria dos cinéfilos conhece Orson Welles (1941), cujo “Cidadão Kane” mereceu apenas 8,3 da plataforma, a mesma nota dada a “Um corpo que cai” (1958), de Alfred Hitchcock. Essas duas últimas obras disputam constantemente o lugar de melhor filme de todos os tempos. E, no entanto, estão bem atrás de “Um sonho de liberdade”. Coisas de internet. Aqui, no entanto, o assunto é mesmo “Um corpo que cai”: o melhor filme já feito, pelo melhor cineasta que já existiu. Avaliação polêmica, realmente. Mas é possível seguir daí. Além da genialidade da obra, há aspectos pitorescos em sua produção. A começar pela escolha de Kim Novak, a atriz que interpretou a protagonista. Ela não foi a primeira opção de Hitchcock. Ele queria
fazer o filme com Vera Miles, mas isso não foi possível. No set de filmagem, a relação de Novak com o cineasta foi confusa. Ela não queria obedecê-lo. Afinal era famosa pela frase: “Não gosto que tirem vantagem de mim”. Houve muitas discussões. Até que Hitchcock harmonizou a situação dizendo que Novak era a atriz que ele havia contratado e era ela que ele queria. Parece ter sido suficiente para Kim Novak, eventualmente acusada de canastrice e artificialidade, mas cuja imagem é indissociável de uma das maiores experiências cinematográficas da história.