Karl Mor
Quem corresponderia a Bette Davis no cinema atual? Uma pergunta difícil de responder. Em primeiro lugar, ela era reconhecida como uma atriz não só de extraordinário talento, mas também de notável inteligência. Não era uma mulher convencionalmente bonita, embora ficasse atraente dependendo do papel. Estadunidense nascida em Lowell, Massachusetts, em 1908, Bette é lembrada pelo seu olhar penetrante, que inspirou uma canção de Kim Carnes, “Bette Davis Eyes”, em 1981. Era uma atriz versátil, de papéis intensos e complexos, o que não era comum em sua época, marcada pelo sistema de estúdios, que restringia muito o que fazer e como fazer no set de filmagem. Se é possível falar de estilo, como algo que se prolonga e fortalece, na era de ouro de Hollywood, o melhor exemplo é certamente Bette. Ela ganhou dois prêmios Oscar e foi indicada dez vezes, um fato inédito na época. Seu primeiro prêmio da Academia foi por “Perigosa”, de 1935, dirigido por Alfred E. Green, e o segundo veio com “Jezebel” (1938), dirigido por William Wyler. Este segundo Oscar foi realmente uma consagração. Bette é famosa também pelos Oscar que perdeu injustamente, sobretudo pelas atuações em “A Malvada” (1950) e “O que Terá Acontecido a Baby Jane?” (1962).
Mas, afinal, haverá alguma atriz de cinema que se compare a Bette Davis nos dias de hoje? Talvez. Em primeiro lugar essa atriz deveria ter uma forte personalidade, que fosse transmitida a seus papéis. Além disso, um olhar e uma expressão fisionômica marcantes. E por fim uma versatilidade extraordinária, bem como uma visão de si mesma como atriz e não como estrela. O exemplo que salta aos olhos é Glenn Close, também estadunidense e nascida em Greenwich, Connecticut, em 1947. Igualmente reconhecida por sua versatilidade, por suas por atuações intensas e por sua expressão facial (vide “Ligações Perigosas”, de 1988), Close é atriz (e não meramente estrela) de cinema e teatro como Davis. E também lamentavelmente famosa pelos oito Oscars que perdeu. A vida nem sempre é boa. Vale ainda lembrar que Bette Davis era conhecida por suas frases lapidares, como “envelhecer não é para fracotes”. Que o digam Bette e Glenn.