Jhonatan Zati
Escrever sobre Clarice Lispector (1920-1977) é sempre uma batalha inglória. Uma tarefa hercúlea. Qualquer coisa – ou quase qualquer coisa – que venha a ser dito sobre a sua
obra fica aquém da sua criação literária. Mas, neste espaço, farei o que puder.
Acredito que, se não todas, a maioria das pessoas recorrem a alguma espécie de oráculo naquele momento em que passam a aperceber-se no mundo, seja ele a própria vida social, a religiosidade ou um ofício. Comigo não foi diferente.
No rito de passagem entre o fim da adolescência e o início da vida adulta, recorri a um livro – os livros seguem sendo a relação mais duradoura da minha vida – que me ofertava a
ambição justificada de seu título: “A descoberta do mundo” (Rocco, 1984). Não precisava de mais. Minhas respostas estavam ali, naquele manual.
Mas, obviamente, me estrepei. Assim como na vida, a literatura não tem manual. Principalmente uma literatura subjetiva e que é guiada pela psicologia de seus personagens, eventos e principalmente de sua escritora. Clarice fez de sua escrita a sua profissão de fé. Tal como eu fiz, mas do outro lado da relação. Minha profissão de fé é, acima de qualquer outra, a leitura.
Extrapolando os limites do gênero, o livro seleciona as crônicas que a autora escrevia semanalmente para o “Jornal do Brasil”. É como um diário, mas não precisa ler na ordem. Tudo ali é entendível, embora eu tenha fechado o livro com mais perguntas do que respostas, todas as vezes que o li. Mas me trouxe até aqui. Então considero ter valido a pena.
Você também pode gostar
Jhonatan ZatiAo ler o romance “Ensaio sobre a Cegueira” (Companhia das Letras, 2008), do escritor português José Saramago (1922-2010), mergulhei em um universo de palavras tão poderosas que me senti envolvido em um turbilhão de emoções e reflexões. Saramago constrói um mundo onde a cegueira repentina se espalha como uma epidemia, transformando a vida das …
Jhonatan ZatiA importância da leitura de biografias em minha vida é imensurável. Desde cedo, desenvolvi o hábito de me envolver nas histórias de vida de pessoas reais, permitindo-me mergulhar em suas experiências, triunfos e desafios. A biografia “Madonna, 60 anos: a biografia do maior ídolo da música pop” (Agir, 2018), escrita por Lucy O’Brien (1961), …
Jhonatan ZatiPara o meu Diário de Leituras de hoje, escolhi um livro que me acompanhou nos momentos críticos da pandemia e trouxe reflexão sob a forma de risadas sinceras. “Nascido do crime: Histórias da minha infância na África do Sul” (Verus, 2020) foi escrito pelo sul-africano Trevor Noah, comediante e ex-âncora do telejornal satírico The Daily …