Karl Mor
Shirley Anita Chisholm (1924-2005) foi a primeira mulher negra eleita para o Congresso dos EUA. Isso aconteceu em 1968. Concorrendo pelo Partido Democrata, ela representava um distrito de Brooklyn, em Nova York, e foi reeleita outras seis vezes até 1983. Em 1972, Shirley se tornou a primeira pessoa negra a disputar a indicação à presidência da República por um grande partido. Não se tornou a candidata democrata à eleição daquele ano, tendo sido derrotada pelo senador George McGovern, mas passou a ser identificada como um símbolo da democracia naquele país, tendo lutado pelos direitos civis dos negros e pelos direitos das mulheres.
Em 2020, a minissérie “Mrs. America” (Star+), criada por Davhi Waller , retratou ficcionalmente Shirley Chisholm. O programa gira em torno do mal sucedido movimento político para a aprovação da Emenda de Igualdade de Direitos (proposta de emenda à Constituição estadunidense para garantir direitos legais iguais para todos os cidadãos, independentemente do sexo). O terceiro episódio da minissérie tem como título “Shirley” e trata não apenas do envolvimento da congressista com a luta feminista como também de sua campanha para a indicação democrata em 1972. Shirley é vivida pela espetacular atriz Uzo Aduba, da série “Orange is the New Black” (2013–2019), que dá à personagem um caráter de força, ousadia e humor. Pelo papel, Aduba ganhou o Emmy de melhor coadjuvante em minissérie ou telefilme.
A Shirley de Regina King, no filme “Shirley para presidente” (Netflix, 2024), escrito e dirigido por John Ridley, é, contudo, bem diferente da criada por Aduba. Embora seja contada mais ou menos a mesma história, a perspectiva é outra. A minissérie trata de feminismo e tem como protagonista uma líder conservadora, interpretada por Cate Blanchett. Já o filme é inteiramente dedicado à campanha de Shirley. Regina vive a congressista de modo mais contido do que a vibrante Uzo. E o filme dá espaço para aspectos familiares e profissionais da personagem. Mas a emoção é a mesma: ver uma mulher admirável como Shirley Chisholm no centro de uma obra marcada pela reverência e pelo respeito.