Jhonatan Zati
O livro que escolhi para estrear esta série é “A Morte da Porta-Estandarte; Tati, a Garota e Outras Histórias”, uma coletânea de 14 contos do autor brasileiro Aníbal Machado (1894-1964), publicada originalmente em 1954.
Fiquei marcado ainda na adolescência, quando o descobri após assistir a uma reprise da novela “Felicidade” (1991), de Manoel Carlos. A abertura indicava livre adaptação de histórias do autor e me indaguei o porquê dele nunca ter aparecido no currículo escolar, já que ao menos pela TV as tramas eram muito envolventes.
Para tratar brevemente dos temas que compõem sua prosa, selecionei alguns dos que considero os principais contos. “A Morte da Porta-Estandarte” é um dos contos mais conhecidos pela crítica. Fala sobre uma porta-bandeira que morre durante o carnaval e tem sua morte testemunhada pela escola de samba, abordando temas como poder e feminicídio.
Para dar outro exemplo, em “O Iniciado do Vento”, o protagonista descreve sua atração de modo em que há sugestões de atração pelo personagem que o acompanha em sua jornada, o personagem-título. Essa relação é subjetiva, através de uma linguagem poética e evocativa e por vezes surreal, criando uma atmosfera ambígua e sugerindo uma possível dimensão homoerótica.
Gerou um longa-metragem que foi o primeiro a tocar nesse tema no Brasil: “O Menino e o Vento” (1967), dirigido por Carlos Hugo Christensen. Aníbal Machado, em suma, é conhecido principalmente por sua prosa de riqueza linguística e psicológica, pela originalidade de sua linguagem, profundidade de suas histórias e capacidade de retratar a vida urbana brasileira de forma realista e crítica.