Karl Mor
Quando você pensava que já sabia tudo sobre Elizabeth Taylor (1932-2011), eis que surge uma novidade. “Elizabeth Taylor: as fitas perdidas” (2024/HBO Max) é um documentário estadunidense dirigido por Nanette Burstein e produzido por J. J. Abrams sobre a vida e a carreira da atriz a partir de gravações de áudio recentemente descobertas e de seus arquivos pessoais. A estreia do filme foi no recente Festival de Cannes.
Não é fácil sustentar um audiovisual apenas em gravações antigas que nem sequer foram editadas. Nascida em Londres, Inglaterra, Elizabeth dava uma entrevista para o escritor, jornalista e biógrafo Richard Meryman (1926-2015), que produzia reportagens para a revista Life. Isso resultou em mais de 40 horas de escrutínio íntimo.
É desconcertante ouvir uma das maiores estrelas do cinema, que recebeu o título de “Dame” em 2000, falar sobre sua trajetória de forma tão frágil e franca. Desde sua estreia como estrela mirim em 1942, ela desejava ser reconhecida como atriz e rejeitava os papéis de celebridade e símbolo sexual. Já na maturidade, ela respondeu a uma pergunta sobre o valor da beleza. “É ótimo ser considerada bonita”, disse ela, “mas isso é fugaz.” Entendia, há muito tempo, que uma carreira como intérprete se constrói com trabalho e talento.
O documentário é constituído por centenas de fotos, dezenas de trechos de filmes e imagens de casamentos, viagens e eventos. Elizabeth teve quatro filhos, sete casamentos e seis maridos, já que se casou duas vezes com o ator galês Richard Burton (1925-1984).
Assistir ao documentário é como se sentar ao sofá do lado de Elizabeth Taylor e, com um drinque na mão, ouvir o que se passou nos bastidores de sua carreira e de sua vida. Ela se casou pela primeira vez aos 18 anos, ficou viúva de seu terceiro marido, Mike Todd, que teria sido o grande amor de sua vida, em 1958, enquanto filmava “Gata em teto de zinco quente”, dirigido por Richard Brooks. E com Burton viveu a paixão mais célebre e tempestuosa da história do cinema. Também com ele fez “Quem tem medo de Virginia Woolf” (1966), pelo qual recebeu seu segundo Oscar.