Karl Mor
A primeira temporada da animação “X-Men ‘97” (Disney+/20024) faz retornar o entusiasmo dos fãs pelos personagens criados em 1963 pelos estadunidenses Stan Lee (1922-2018), escritor e editor, e Jack Kirby (197-1994), desenhista. No IMDb, as avaliações da crítica alcançaram 9,0/10, uma verdadeira raridade em termos de aprovação. “X-Men ‘97” é uma retomada de “X-Men: The Animated Series”, exibida na década de 1990.
Por trás da aparência de meros personagens infanto-juvenis, os X-Men ensinam muito sobre a sociedade contemporânea. Eles são seres superdotados que vivem à margem da sociedade, como verdadeiros “outsiders”, estrangeiros em qualquer lugar em que estejam. Representam os “Extra-Power-Men”, ou “Homens-Extra-Poderosos”. Eles nasceram com o gene X, característica genética que lhes concede habilidades especiais. São mutantes humanos, resultado de um salto evolucionário, cientificamente designados como “Homo Superior”). Nasceram dessa maneira. Suas habilidades super-humanas geralmente se manifestam na puberdade.
São vistos por muitos como como uma ameaça à própria humanidade. Simplesmente por serem diferentes. Suas habilidades, no entanto, são muito úteis para os humanos e para o planeta. Mas eles são rejeitados, perseguidos, agredidos. E, independentemente das pretensões originais de seus criadores, passaram a representar no contexto maior da cultura mundial símbolos de minorias étnicas e outros grupos oprimidos.
Do mesmo modo como membros da comunidade LGBTQIA+, os mutantes temem rejeição ao revelar suas habilidades especiais a amigos e parentes que não têm os mesmos talentos superiores. Aí fica clara a metáfora da sexualidade, do gênero e do desejo. Esses seres estigmatizados só conseguem sobreviver ao se reconhecerem e se congregarem. Formam então um escudo na luta contra os humanos ditos normais que buscam destruí-los simplesmente por carregarem a marca da diferença.
A história dos X-Men já dura 21 anos. Para além do entretenimento, faz compreender o que distingue uma maldição de um dom.