Karl Mor
Atualmente tem se falado muito em “remake”, sobretudo de telenovela, mas esse termo, que corresponde à palavra “refilmagem”, vem originalmente do cinema. Refilmagem é um filme que se baseia numa produção anterior contando a mesma história, embora alguns de seus aspectos possam ter sido modificados (eventualmente até o título é mudado). Ou seja, é uma nova versão de uma película existente.
Alguns filmes caem no gosto popular a ponto de provocar memórias e nostalgia. É isso que interessa aos produtores cinematográficos: capitalizar esse sentimento e trazer de volta histórias para o consumo de uma nova geração. Afinal, cada público tem seus atores favoritos e pessoas a quem reconhece. É o caso de “Sob o domínio do mal”. O original de 1962, dirigido por John Frankenheimer, tem Dame Angela Lansbury no papel de Eleanor Shaw Iselin, uma mãe dominadora que está no centro da narrativa. Em 2004, na versão em que o diretor foi Jonathan Demme, Meryl Streep interpreta Eleanor. A refilmagem faz sentido porque existe uma estrela contemporânea que o público gostaria de ver do papel.
Para os estúdios, pode haver um óbvio benefício financeiro na refilmagem, já que não é necessário criar uma história a partir do zero. A refilmagem parece um investimento garantido ou pelo menos um modo de correr menos risco. Além disso, passados mais de cem anos desde a invenção do cinema, está cada vez mais difícil encontrar ideias originais.
A refilmagem tem a ver também com inovação. A nova versão não é preferencialmente uma mera repetição do filme original, mas sim uma obra que tem o mérito de expandir aspectos, personagens e temas da película em que foi baseada. Um exemplo é “O grande Gatsby”, baseado na obra de F. Scott Fitzgerald. Teve uma versão dirigida em 1974 por Jack Clayton, que, no entanto, é considerada bem menos inspirada do que a refilmagem de Baz Luhrmann, de 2013. Contou para esse desempenho superior não apenas a mestria do realizador, mas também a disponibilidade de novos recursos tecnológicos que enriqueceram a produção. Refazer pode e deve significar ir além.