Karl Mor
A greve dos roteiristas de Hollywood, iniciada em 2 de maio de 2023, por salários mais altos e uma participação maior no lucro do streaming, ocorre em um cenário em que as empresas do ramo chegam a considerar a hipótese, supostamente não tão remota, de substituir profissionais por inteligência artificial.
Entretanto, ainda não há como tomar o lugar da genialidade. Um belo exemplo é o estadunidense Quentin Tarantino, diretor e roteirista nascido em 1963, que tem se especializado em reescrever para melhor a história em seus filmes (spoilers em seguida).
Em “Bastardos inglórios” (2009), escrito e dirigido por Tarantino num extraordinário exercício de imaginação, Hitler e Goebbels, os homens mais execrados da Segunda Guerra Mundial, são mortos na França em 1944. Já em “Era uma vez em Hollywood” (2019), a escrita cinematográfica de Tarantino faz um milagre: salva da morte a atriz Sharon Tate, retificando uma das mais horríveis histórias reais da cidade dos sonhos.
Ou seja, ainda vai demorar muito para uma inteligência artificial chegar perto da inventividade de um roteirista como Tarantino. Portanto, que a greve termine logo e com justiça para todos.