Jhonatan Zati
“Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, o livro que escolhi para essa página do meu Diário de Leituras, teve um impacto direto na minha forma de compreender eventos históricos e suas consequências, ao abordar temas fundamentais como a escravidão, a resistência negra e a luta pela liberdade. O livro apresenta uma narrativa forte e emocionante, que retrata a história de uma mulher africana escravizada, da região do atual Benim, participante ativa da Revolta dos Malês.
É notória a falta de “boa vontade” e de letramento racial da população branca, que historicamente se exime da responsabilidade pela manutenção da estrutura racista que não garante, mesmo nos dias de hoje, dignidade e cidadania para a população negra. Falar do período da escravidão é também falar de luta, que é algo que muito me surpreendeu ao longo dessa leitura.
Estávamos habituados a narrativas literárias que, muitas vezes, davam ao próprio branco o protagonismo em histórias, com foco na abolição ou nos conflitos pela liberdade. Para mim, um ponto muito positivo desse livro é mostrar a ação direta de pessoas escravizadas que lutavam para sair dessa condição.
É uma história que me comoveu profundamente, pois é palpável a sua proximidade com ações ocorridas recentemente e que não modificam a estrutura racista mantenedora de privilégios e vantagens com base na cor da pele. Mais branca, mais privilégios. É isso o que venho percebendo no processo de letramento, aperfeiçoamento e contribuição nesta batalha.
A personagem Kehinde – ao que tudo indica, inspirada na mãe do escritor abolicionista Luiz Gama – negou-se a aceitar o que lhe impuseram, sendo retratada como uma figura de imensa importância nas representações histórica e literária da diáspora africana para o Brasil.
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