Karl Mor
A atriz francesa Isabelle Huppert completou 71 anos em 16 de março deste intenso 2024. Sua carreira no cinema e no teatro é tão magnífica que se propõe aqui simplesmente um passeio breve por alguns de seus trabalhos mais célebres. Ao longo de uma filmografia que percorre mais de 50 anos, o primeiro destaque talvez seja “Violette” (1978), um filme dirigido por Claude Chabrol, que deu a Isabelle o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. Trata-se de sua primeira parceria com Chabrol, que se estenderia por outros seis filme até “Comédia do poder” (2006).
Em 1980, Isabelle está em “O portal do paraíso” (MGM), do até então renomado diretor Michael Cimino, que poderia ter sido o início de uma carreira em Hollywood. O filme, entretanto, foi um tal fracasso de crítica e público que o estúdio United Artists tomou medidas draconianas e inúteis para tentar recuperar seu investimento. Um segundo grande trabalho com Chabrol ocorre em 1991: “Madame Bovary” (Mubi), adaptação do romance de Gustave Flaubert. Mais uma vez Isabelle compõe seu personagem com uma aura de mistério, ocultando, no silêncio e na introversão, uma forte emoção. Atriz e diretor se reencontram em 1995 para a realização de “Mulheres diabólicas” (Telecine), baseado em um romance de Ruth Rendell. Neste filme, Isabelle deixa a reserva de lado e compõe uma personagem de forma insolente e explosiva, o que lhe rendeu um prêmio César de melhor atriz.
Dois outros cineastas são especialmente importantes na carreira de Isabelle Huppert: Michael Haneke, com o qual fez “A professora de piano” (Mubi) em 2001 (prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes), e Paul Verhoeven, que lhe deu a protagonista de “Ela” (Prime Video) em 2016, pelo qual Isabelle ganhou mais um César. O teatro é outro espaço privilegiado na carreira de Isabelle. No palco já foi Hedda Gabler e Blanche DuBois. Em 2013 esteve em “As criadas”, de Jean Genet. E com o vanguardista Bob Wilson montou “Orlando”, de Virginia Woolf, em 1994, e “Quartett”, de Heiner Müller, em 2009. Não é exagero dizer, portanto, que Isabelle Huppert é simplesmente uma das mais talentosas atrizes do Ocidente.